Osteoporose: Entenda a “Doença Silenciosa” que Enfraquece os Ossos

A osteoporose é uma doença que atinge milhões de brasileiros, especialmente mulheres após a menopausa e homens acima dos 65 anos. É conhecida como uma “doença silenciosa”, porque geralmente não apresenta sintomas até que ocorra uma fratura. Por isso, é essencial conhecer seus riscos, causas e formas de prevenção e tratamento.

 O que é osteoporose?

A osteoporose é caracterizada pela redução da densidade mineral óssea e deterioração da microarquitetura do osso, resultando em fragilidade e risco aumentado de fraturas, especialmente no quadril, coluna vertebral e punho (Kanis et al., 2019).

Fraturas por fragilidade podem ter consequências graves, como perda de mobilidade, dor crônica e aumento do risco de mortalidade, especialmente após fraturas de quadril (Compston et al., 2023).

Osteoporose é cada vez mais comum

Com o envelhecimento da população, a osteoporose está se tornando um problema de saúde pública global. No Brasil, estima-se que mais de 10 milhões de pessoas tenham osteoporose (Consenso Brasileiro de Osteoporose, 2022).

Nem toda osteoporose é “natural”: conheça as causas secundárias

Embora o envelhecimento e a menopausa sejam fatores de risco bem conhecidos, algumas condições clínicas também causam osteoporose — chamadas de osteoporose secundária. Elas devem sempre ser investigadas em casos de fratura precoce, osteoporose em homens jovens ou em mulheres pré-menopáusicas.

Causas comuns incluem:

  • Hiperparatireoidismo primário – A produção excessiva do hormônio PTH leva à reabsorção óssea (Bilezikian et al., 2022).
  • Doenças intestinais disabsortivas, como doença celíaca ou Doença de Crohn (Molodecky et al., 2012).
  • Síndrome de Cushing, hipogonadismo, diabetes mellitus, entre outros distúrbios endócrinos (Endocrine Society Clinical Practice Guideline, 2020).
  • Deficiências nutricionais, especialmente de cálcio, vitamina D e proteínas.

Como prevenir e tratar?

Estilo de vida saudável

A base do tratamento da osteoporose está no estilo de vida, que deve incluir:

  • Alimentação rica em cálcio – Leite e derivados são as fontes mais biodisponíveis. A recomendação é de 1000–1200 mg/dia (NOF, 2020).
  • Vitamina D – A dose ideal varia conforme exposição solar e idade. A meta é manter níveis séricos de 25(OH)D entre 30–60 ng/mL (Holick et al., 2011).
  • Ingestão adequada de proteínas – Essencial para preservar a massa muscular e óssea.
  • Atividade física regular – Exercícios resistidos e com impacto leve melhoram a densidade óssea e reduzem quedas (Giangregorio et al., 2014).
  • Sono de qualidade – Há evidências emergentes sobre o papel do sono na homeostase óssea (Zhou et al., 2023).

 Medicamentos aprovados e eficazes

Diversas medicações foram aprovadas no Brasil para o tratamento da osteoporose, com eficácia comprovada na redução de fraturas:

  • Bisfosfonatos (alendronato, risedronato, ácido zoledrônico) – Primeira linha na maioria dos casos.
  • Denosumabe – Um anticorpo monoclonal administrado a cada 6 meses. Indicado para pacientes com alto risco de fraturas ou intolerância aos bisfosfonatos.
  • Terapias anabólicas – Teriparatida, abaloparatida e romosozumabe são usados em casos de osteoporose grave ou múltiplas fraturas (Compston et al., 2023).

A escolha do tratamento deve ser individualizada, com base no risco de fraturas, idade, sexo, comorbidades e resposta prévia conforme orientações do seu médico especialista

 Quando procurar um endocrinologista?

  • Mulheres pós-menopausa e homens com mais de 65 anos
  • Pessoas com histórico de fratura por fragilidade
  • Portadores de doenças hormonais, intestinais ou que usam corticoides
  • Pacientes com osteopenia

O exame de densitometria óssea (DXA) é simples, indolor e o padrão ouro para o diagnóstico da osteoporose.

 Conclusão

A osteoporose é uma condição comum, séria e silenciosa. No entanto, pode ser prevenida, detectada precocemente e tratada com eficácia. Mudanças de estilo de vida e, quando necessário, medicamentos modernos permitem manter os ossos fortes, evitar fraturas e preservar a autonomia e qualidade de vida.

Se você tem fatores de risco, converse com um endocrinologista. O cuidado com a saúde óssea deve começar cedo!

Referências

  1. Kanis JA, et al. (2019). European guidance for the diagnosis and management of osteoporosis in postmenopausal women. Osteoporosis International, 30(1), 3–44. https://doi.org/10.1007/s00198-018-4704-5
  2. Compston J, et al. (2023). Recommendations for the management of postmenopausal osteoporosis. Lancet Diabetes Endocrinol., 11(2), 109–122. https://doi.org/10.1016/S2213-8587(22)00322-7
  3. Consenso Brasileiro de Osteoporose. (2022). Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO). Disponível em: https://www.endocrino.org.br
  4. Bilezikian JP, et al. (2022). Primary hyperparathyroidism: New concepts in clinical practice. Journal of Bone and Mineral Research, 37(2), 229–247. https://doi.org/10.1002/jbmr.4459
  5. Molodecky NA, et al. (2012). Increasing incidence and prevalence of the inflammatory bowel diseases. Gastroenterology, 142(1), 46–54. https://doi.org/10.1053/j.gastro.2011.10.001
  6. Eastell R, et al. (2016). Management of glucocorticoid-induced osteoporosis: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab, 101(8), 1881–1890. https://doi.org/10.1210/jc.2016-1271
  7. Holick MF, et al. (2011). Evaluation, treatment, and prevention of vitamin D deficiency: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab, 96(7), 1911–1930. https://doi.org/10.1210/jc.2011-0385
  8. Giangregorio LM, et al. (2014). Too Fit To Fracture: Physical activity recommendations for individuals with osteoporosis. Osteoporosis International, 25(3), 821–835. https://doi.org/10.1007/s00198-013-2523-6
  9. Zhou Y, et al. (2023). Association of sleep disturbance with bone health: A systematic review and meta-analysis. Bone, 172, 116768. https://doi.org/10.1016/j.bone.2023.116768

 

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