Osteoporose

Diagnóstico e tratamento precoce da osteoporose evita fraturas graves

A osteoporose é uma doença caracterizada pela diminuição da densidade óssea, tornando os ossos mais frágeis e suscetíveis a fraturas, especialmente as fraturas dos corpos vertebrais (coluna vertebral), fêmur e punho (extremidade do osso – Rádio). Essa condição pode ser classificada como osteoporose primária, quando não há uma causa subjacente específica, ou osteoporose secundária, que ocorre devido a outras doenças ou ao uso prolongado de certos medicamentos. Ambas as formas apresentam grande impacto na saúde pública, especialmente em populações mais velhas, e destacam a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para prevenir fraturas e morte por suas complicações.

Entenda: Osteoporose Primária e Secundária

O osso é um órgão vivo e em constante remodelação ou renovação, na osteoporose primária ocorre o envelhecimento natural com predomínio da reabsorção óssea sem a devida recomposição em função das alterações hormonais, como a queda nos níveis de estrogênio em mulheres após a menopausa e de testosterona nos homens idosos. Já a osteoporose secundária ocorre devido a fatores externos, como doenças endócrinas, por exemplo, o hiperparatireoidismo, hipercortisolismo, doenças autoimunes como a artrite reumatoide, doenças que evoluem com má absorção intestinal de cálcio com a intolerância a lactose, doença celíaca ( gluten) e o uso contínuo de medicamentos como os glicocorticoides (Medici et al., 2017).

Diagnóstico Precoce e a Ferramenta FRAX

Detectar a osteoporose precocemente é crucial para evitar que a condição evolua para fraturas e outras complicações. A densitometria óssea, especialmente o exame de DXA (absorciometria de raios-X de dupla energia), é a principal ferramenta utilizada para medir a densidade óssea e identificar pacientes em risco de fraturas (Garrigues et al., 2021). Além disso, o FRAX® (Ferramenta de Avaliação do Risco de Fraturas) é uma ferramenta importante para avaliar o risco de fraturas em um período de 10 anos. Ele leva em consideração, além da densidade óssea, outros fatores de risco como idade, histórico de fraturas, uso de medicamentos, consumo de álcool, tabagismo, e condições clínicas como doenças endócrinas (Kanis et al., 2008). O uso do FRAX® oferece uma avaliação mais completa e personalizada do risco de fraturas, auxiliando na decisão sobre a necessidade de intervenções preventivas e tratamento medicamentoso.

Tratamento e Prevenção

O tratamento da osteoporose visa principalmente a redução do risco de fraturas e a manutenção da saúde óssea. Entre os tratamentos medicamentosos, os bisfosfonatos e denosumabe são os mais utilizados, pois atuam na promoção da formação óssea e na redução da reabsorção óssea. Mais recentemente, o teriparatida e o romosozumabe, um anticorpo monoclonal, tem se destacado no tratamento da osteoporose. Este último medicamento inibe a esclerostina, uma proteína que bloqueia a formação óssea, estimulando assim a criação de novo osso e aumentando a densidade óssea, o que reduz consideravelmente o risco de fraturas. Em caso de fraturas já existentes na coluna ( corpos vertebrais ) ou qualquer fratura típica de baixo impacto recomenda-se utilizar um destes dois últimos medicamento pois demonstraram serem mais eficientes da proteção contra novas fraturas. (Saag et al., 2017).

Além do tratamento medicamentoso, a alimentação desempenha um papel essencial na saúde óssea. Uma dieta rica em cálcio e vitamina D é fundamental para fortalecer os ossos e ajudar na sua regeneração. Alimentos derivados do leite de vaca como : queijos, iogurtes, etc.. são as principais fontes de cálcio. A vitamina D, importante para a absorção do cálcio, pode ser adquirida por meio da exposição ao sol e da ingestão de suplementos. (Cosman et al., 2014).

Exercícios de força, como musculação e levantamento de pesos, também são altamente recomendados. A prática regular de exercícios de resistência ajuda a aumentar a densidade óssea, a fortalecer os músculos e a melhorar o equilíbrio, o que reduz o risco de quedas e, consequentemente, de fraturas (Rizzoli et al., 2014). A combinação de medicamentos, uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividade física é crucial para o manejo eficaz da osteoporose.

No caso da osteoporose secundária, é fundamental tratar as condições subjacentes, como o ajuste de medicamentos que possam afetar a saúde óssea ou a identificação e controle adequado de doenças endócrinas e inflamatórias. A modificação desses fatores pode ser decisiva para reduzir o risco de fraturas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Conclusão

A osteoporose, seja primária ou secundária, é um desafio crescente à medida que a população mundial envelhece. O diagnóstico precoce, utilizando métodos como a densitometria óssea e a ferramenta FRAX®, é essencial para identificar aqueles em risco de fraturas e tomar as medidas preventivas adequadas. Além disso, estratégias como o uso de medicamentos eficazes, uma alimentação rica em cálcio e vitamina D, e a prática regular de exercícios de força são componentes fundamentais para reduzir o risco de fraturas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com osteoporose. Com o avanço no tratamento e na compreensão da doença, é possível oferecer cuidados mais eficazes e personalizados, garantindo a saúde óssea e o bem-estar dos pacientes.

Referências:

Cosman, F., Crittenden, D. B., Adachi, J. D., et al. (2014). “Interventions for osteoporosis.” Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 99(10), 3523-3532.
Garrigues, U., Abrahamsen, B., & Sosa, M. (2021). “Osteoporosis diagnosis and management: Current perspectives.” Therapeutic Advances in Musculoskeletal Disease, 13, 175623532199270.
Kanis, J. A., McCloskey, E. V., & Johansson, H. (2008). “FRAX® and the assessment of fracture probability in men and women from the UK.” Osteoporosis International, 19(4), 389-400.
Medici, M., Pompili, A., & Manzoli, L. (2017). “Secondary osteoporosis: Mechanisms, diagnosis and treatment.” Clinical Interventions in Aging, 12, 1257-1265.
Rizzoli, R., Reginster, J. Y., Arnal, J. F., et al. (2014). “Management of osteoporosis in elderly individuals.” Bone, 60, 56-63.
Saag, K. G., Petersen, J. A., & Adler, R. A. (2017). “Romosozumab for the treatment of osteoporosis.” Current Osteoporosis Reports, 15(4), 350-358.

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